De que valem os tapas de luva figurados?
Face os golpes de mão nuas literais
De que vale a elegância,
essa forma pertinente de existir,
quando o obrigatoriamente gratuito
torna-se mero gratuitamente obrigatório?
aí tanto faz,
entre o que é feito porque se gosta,
e o que se gosta por que é feito...
O que se pode fazer é guardar aninhado entre os braços
esse ovo cheio de nada que é o amor
protegido uma casca feita de cuidado e reconhecimento
Pode ser que ele dure.
o que suporta ao tempo
há de o acompanhar
o que vem a ser, segue
segue a vida
Pode ser que não dure.
Há os que queiram ser
e ficar é a natureza do que é
ficam as lembranças
que carregam em sua face o preço de não ter compreendido o devir
o ritmo em que caminha o tempo
É possível que o tempo não tenha um companheiro
Mas ele prossegue sozinho
Por mais que tenha ensinado-nos a andar
Jamais precisará de bengala
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
A cada dia nosso
A cada gesto seu
Brota do amontoado de especulações sobre a vida,
guardadas no quarto em que guardo tranqueiras,
um ramo de vida
e ele sai pelas frestas da porta
a florir toda a casa
antes que eu saia para a rua
deixa sobre meus cabelos
algumas flores
que me acompanham
perfumando o caminho
lá fora
fora do nosso mundo
e essas flores meio anjos da guarda
meio fotografias três por quatro da carteira que eu não tenho
Me lembram que há sim alguém
que está lá, como eu, de peito aberto
e que mais à noite quando voltar
num abraço, dessa maneira
nossos corações poderão se tocar
A cada gesto seu
Brota do amontoado de especulações sobre a vida,
guardadas no quarto em que guardo tranqueiras,
um ramo de vida
e ele sai pelas frestas da porta
a florir toda a casa
antes que eu saia para a rua
deixa sobre meus cabelos
algumas flores
que me acompanham
perfumando o caminho
lá fora
fora do nosso mundo
e essas flores meio anjos da guarda
meio fotografias três por quatro da carteira que eu não tenho
Me lembram que há sim alguém
que está lá, como eu, de peito aberto
e que mais à noite quando voltar
num abraço, dessa maneira
nossos corações poderão se tocar
quarta-feira, 15 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
De todos os prazeres
O prazer mais raro
é o prazer de servir
raro que é, salta os olhos.
alguns chamam estranhamento
aguns preferem inveja
E a luxúria de servir
causa extase máximo
e a alma deixa a carne livre para ser só carne
não se sabe se a alma realmente se retirou
ou se escondeu-se para observar
num ato voyerista e deleitoso
a carne ali solitária
e sincera protagonista
como se fossse um teatro doentio.
Talvez se algo passar dos limites ela intervenha
se estiver lá...
é, se estiver...
e mãos se enchem de corpos e almas
Eos olhos da rua viram.
ele fisgou o anzol
alguns preferem lutar
outros se agradam com a ideia de sair da água
e sufocar lá fora
devem supor que o nada seja mais longe um pouco
ou então são como tabagistas que tem certeza que vão morrer e continuam fumando
O prazer mais raro
é o prazer de servir
raro que é, salta os olhos.
alguns chamam estranhamento
aguns preferem inveja
E a luxúria de servir
causa extase máximo
e a alma deixa a carne livre para ser só carne
não se sabe se a alma realmente se retirou
ou se escondeu-se para observar
num ato voyerista e deleitoso
a carne ali solitária
e sincera protagonista
como se fossse um teatro doentio.
Talvez se algo passar dos limites ela intervenha
se estiver lá...
é, se estiver...
e mãos se enchem de corpos e almas
Eos olhos da rua viram.
ele fisgou o anzol
alguns preferem lutar
outros se agradam com a ideia de sair da água
e sufocar lá fora
devem supor que o nada seja mais longe um pouco
ou então são como tabagistas que tem certeza que vão morrer e continuam fumando
Furor pela manhã
Alma convulsa, atordoada
corre no vazio a esmo
desejo incontido de conter o fluxo
que dançantemente se contorce, e mina exuberante
sem aviso e sem porquê
flui
risomáticamente flui
flui
dementemente
flui
de lugar nenhum para lugar qualquer
E como o sol, se lança em abundância sobre a terra
sobre os transeuntes
que tem que caminhar
e cruzar a nado até a outra margem
gostem de água ou não
pois é líquido o terreno
E quem quer avançar que se molhe
e quem quer prosseguir que se queime
O sol é impiedosamente alheio
aprender a gostar ou viver a contra gosto
para fazer o gol é necessário driblar
com beleza, ou eficiência
não importa
não há remédio, há zagueiros
Há de se conter o fluxo
e o romantismo vulgar do gênio martirizado pela própria genealidade
será uma aposta muito cara
para martirizados só há dignidade na história, o céu burguês
só se vive em primeira pessoa
estão mortos os personagens
Há de se domar o fluxo
Há de se nadar
se contra ou a favor
não sei
Mas há de se nadar
para não ser tragado
Aventurar-se nessa densa imersão
Avançar nessa rasa surperfície
Alma convulsa, atordoada
corre no vazio a esmo
desejo incontido de conter o fluxo
que dançantemente se contorce, e mina exuberante
sem aviso e sem porquê
flui
risomáticamente flui
flui
dementemente
flui
de lugar nenhum para lugar qualquer
E como o sol, se lança em abundância sobre a terra
sobre os transeuntes
que tem que caminhar
e cruzar a nado até a outra margem
gostem de água ou não
pois é líquido o terreno
E quem quer avançar que se molhe
e quem quer prosseguir que se queime
O sol é impiedosamente alheio
aprender a gostar ou viver a contra gosto
para fazer o gol é necessário driblar
com beleza, ou eficiência
não importa
não há remédio, há zagueiros
Há de se conter o fluxo
e o romantismo vulgar do gênio martirizado pela própria genealidade
será uma aposta muito cara
para martirizados só há dignidade na história, o céu burguês
só se vive em primeira pessoa
estão mortos os personagens
Há de se domar o fluxo
Há de se nadar
se contra ou a favor
não sei
Mas há de se nadar
para não ser tragado
Aventurar-se nessa densa imersão
Avançar nessa rasa surperfície
sexta-feira, 20 de março de 2009
Antes do acima de tudo
que venha o acima de mais nada
E a vontade de verdade fica para trás
vai rolando e mergulha na poeira da estrada
Ou render-se a vida
Ou a chantagem da história
Nada tem de pequenas
as coisas fundamentais
Pequeno é o espaço
reservado a elas
O fundamental é imenso
Mesmo que a cegueira seja maior
que venha o acima de mais nada
E a vontade de verdade fica para trás
vai rolando e mergulha na poeira da estrada
Ou render-se a vida
Ou a chantagem da história
Nada tem de pequenas
as coisas fundamentais
Pequeno é o espaço
reservado a elas
O fundamental é imenso
Mesmo que a cegueira seja maior
terça-feira, 17 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
Veja você
Aquele rapaz
Gratuitamente
escolhe agradar
De tanto lançar gentilezas ao vento
Até o vento lhe retribuiu
a mesma maneira, sem nada cobrar
Quando se depara
Com o que só torto funciona
Se lembra do anzol e se faz pescador
se curva, se quebra, se dribla, se cria
Mas na vida mesmo sempre anda reto
Não entende o que diz
a palavra render-se
para essa multidão de reféns de si mesmos
e humilde que é
malandro ficou
E há quem diga até
não agradar-se com o tom
Já estão, de arrogância, desafinados
E a canção não parou
E a banda ainda passa
Quem não sabe dançar
esperneia
Aquele rapaz
Gratuitamente
escolhe agradar
De tanto lançar gentilezas ao vento
Até o vento lhe retribuiu
a mesma maneira, sem nada cobrar
Quando se depara
Com o que só torto funciona
Se lembra do anzol e se faz pescador
se curva, se quebra, se dribla, se cria
Mas na vida mesmo sempre anda reto
Não entende o que diz
a palavra render-se
para essa multidão de reféns de si mesmos
e humilde que é
malandro ficou
E há quem diga até
não agradar-se com o tom
Já estão, de arrogância, desafinados
E a canção não parou
E a banda ainda passa
Quem não sabe dançar
esperneia
quarta-feira, 4 de março de 2009
Ensaiaram os lábios
Mas a voz não saiu
Temia parecer pretenso
Mas revel ao medo, brotou o assunto
E o que é só senso
Na fala se faz extenso
E o tropeço da língua proclama
O medo tinha razão
O que não carece falar, falado é fala demais
e querer parecer obscuro é só gana de profundidade
mas aquele que dribla o ouvido, e os olhos e as muralhas de letras
e que chega ileso no peito
para onde encaminhou-se direto
Esse digo , sim é profundo
pois é claro e simplório o que é terno
Mas a voz não saiu
Temia parecer pretenso
Mas revel ao medo, brotou o assunto
E o que é só senso
Na fala se faz extenso
E o tropeço da língua proclama
O medo tinha razão
O que não carece falar, falado é fala demais
e querer parecer obscuro é só gana de profundidade
mas aquele que dribla o ouvido, e os olhos e as muralhas de letras
e que chega ileso no peito
para onde encaminhou-se direto
Esse digo , sim é profundo
pois é claro e simplório o que é terno
Muda tanto que não muda nada
É sempre o mesmo sempre a mudar
Talvez o jeito seja esquecer
Para fortuitamente se surpreender
Essa mesmice surpreendente
Essa surpresa que é sempre a mesma
Não deixa por isso de ser supresa
Resta sentir o que está escrito
Resta escrever o que foi sentido
Só se sabe mesmo depois de sabido
É sempre o mesmo sempre a mudar
Talvez o jeito seja esquecer
Para fortuitamente se surpreender
Essa mesmice surpreendente
Essa surpresa que é sempre a mesma
Não deixa por isso de ser supresa
Resta sentir o que está escrito
Resta escrever o que foi sentido
Só se sabe mesmo depois de sabido
Sinapse
Pulsos elétricos se traduzem em dor
E a desgraça se dá assim como um milagre
Não tem explicação para ser
mais é assim mesmo sem explicação
E o sólido se desfaz
escapa por entre os dedos
O tempo passa
até permite um sorriso
Essa reação química que nos faz mostrar os dentes
Alguns chamam isso de felicidade
E a desgraça se dá assim como um milagre
Não tem explicação para ser
mais é assim mesmo sem explicação
E o sólido se desfaz
escapa por entre os dedos
O tempo passa
até permite um sorriso
Essa reação química que nos faz mostrar os dentes
Alguns chamam isso de felicidade
Há um ponto onde a alma toca a carne
Há um ponto onde a carne toca alma
E o espírito extravasa pelas frestas da carne
que o aperta tenaz por entre suas fibras
E a grosseira matéria ganha cor, graça, sentido
Adquire um sentido o qual não possui
dando sentido assim ao que nunca terá
E o coração traduz o que os olhos só podem ver
Há um ponto onde a carne toca a alma
Há um ponto onde a alma toca a carne
Há um ponto onde a carne toca alma
E o espírito extravasa pelas frestas da carne
que o aperta tenaz por entre suas fibras
E a grosseira matéria ganha cor, graça, sentido
Adquire um sentido o qual não possui
dando sentido assim ao que nunca terá
E o coração traduz o que os olhos só podem ver
Há um ponto onde a carne toca a alma
Há um ponto onde a alma toca a carne
O homem cansado
Lá vai o homem, cansado
como se o cansaço o impulsionasse
está cansado de blasfêmias
esta faminto de sabor
não quer mais o lamento
quer o gosto
saborear a serenidade de seu espírito inquieto
e a inquietação daquele corpo sereno ao seu lado
quer viver, aliás não quer mais nada
vive antes de querer
só não quer parar
como se o cansaço o impulsionasse
está cansado de blasfêmias
esta faminto de sabor
não quer mais o lamento
quer o gosto
saborear a serenidade de seu espírito inquieto
e a inquietação daquele corpo sereno ao seu lado
quer viver, aliás não quer mais nada
vive antes de querer
só não quer parar
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