domingo, 12 de abril de 2009

Furor pela manhã
Alma convulsa, atordoada
corre no vazio a esmo
desejo incontido de conter o fluxo
que dançantemente se contorce, e mina exuberante
sem aviso e sem porquê
flui
risomáticamente flui
flui
dementemente
flui
de lugar nenhum para lugar qualquer
E como o sol, se lança em abundância sobre a terra
sobre os transeuntes
que tem que caminhar
e cruzar a nado até a outra margem
gostem de água ou não
pois é líquido o terreno
E quem quer avançar que se molhe
e quem quer prosseguir que se queime
O sol é impiedosamente alheio
aprender a gostar ou viver a contra gosto
para fazer o gol é necessário driblar
com beleza, ou eficiência
não importa
não há remédio, há zagueiros
Há de se conter o fluxo
e o romantismo vulgar do gênio martirizado pela própria genealidade
será uma aposta muito cara
para martirizados só há dignidade na história, o céu burguês
só se vive em primeira pessoa
estão mortos os personagens
Há de se domar o fluxo
Há de se nadar
se contra ou a favor
não sei
Mas há de se nadar
para não ser tragado
Aventurar-se nessa densa imersão
Avançar nessa rasa surperfície

Um comentário:

  1. prefiro o gozo táctil dessas palavras no papel, com sua letra e borrões de lápis.

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