Compenetrada se curva
a imaginação
Grava a sangue na tela
o esboço da vida
arrisca os primeiros traços
da sonhada obra-prima
Mas o tempo a visita
todos os dias
Aos poucos revela
não há ensaio para a vida
nem moldura ou platéia
É só esse rascunho
sexta-feira, 20 de março de 2009
Antes do acima de tudo
que venha o acima de mais nada
E a vontade de verdade fica para trás
vai rolando e mergulha na poeira da estrada
Ou render-se a vida
Ou a chantagem da história
Nada tem de pequenas
as coisas fundamentais
Pequeno é o espaço
reservado a elas
O fundamental é imenso
Mesmo que a cegueira seja maior
que venha o acima de mais nada
E a vontade de verdade fica para trás
vai rolando e mergulha na poeira da estrada
Ou render-se a vida
Ou a chantagem da história
Nada tem de pequenas
as coisas fundamentais
Pequeno é o espaço
reservado a elas
O fundamental é imenso
Mesmo que a cegueira seja maior
terça-feira, 17 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
Veja você
Aquele rapaz
Gratuitamente
escolhe agradar
De tanto lançar gentilezas ao vento
Até o vento lhe retribuiu
a mesma maneira, sem nada cobrar
Quando se depara
Com o que só torto funciona
Se lembra do anzol e se faz pescador
se curva, se quebra, se dribla, se cria
Mas na vida mesmo sempre anda reto
Não entende o que diz
a palavra render-se
para essa multidão de reféns de si mesmos
e humilde que é
malandro ficou
E há quem diga até
não agradar-se com o tom
Já estão, de arrogância, desafinados
E a canção não parou
E a banda ainda passa
Quem não sabe dançar
esperneia
Aquele rapaz
Gratuitamente
escolhe agradar
De tanto lançar gentilezas ao vento
Até o vento lhe retribuiu
a mesma maneira, sem nada cobrar
Quando se depara
Com o que só torto funciona
Se lembra do anzol e se faz pescador
se curva, se quebra, se dribla, se cria
Mas na vida mesmo sempre anda reto
Não entende o que diz
a palavra render-se
para essa multidão de reféns de si mesmos
e humilde que é
malandro ficou
E há quem diga até
não agradar-se com o tom
Já estão, de arrogância, desafinados
E a canção não parou
E a banda ainda passa
Quem não sabe dançar
esperneia
quarta-feira, 4 de março de 2009
Ensaiaram os lábios
Mas a voz não saiu
Temia parecer pretenso
Mas revel ao medo, brotou o assunto
E o que é só senso
Na fala se faz extenso
E o tropeço da língua proclama
O medo tinha razão
O que não carece falar, falado é fala demais
e querer parecer obscuro é só gana de profundidade
mas aquele que dribla o ouvido, e os olhos e as muralhas de letras
e que chega ileso no peito
para onde encaminhou-se direto
Esse digo , sim é profundo
pois é claro e simplório o que é terno
Mas a voz não saiu
Temia parecer pretenso
Mas revel ao medo, brotou o assunto
E o que é só senso
Na fala se faz extenso
E o tropeço da língua proclama
O medo tinha razão
O que não carece falar, falado é fala demais
e querer parecer obscuro é só gana de profundidade
mas aquele que dribla o ouvido, e os olhos e as muralhas de letras
e que chega ileso no peito
para onde encaminhou-se direto
Esse digo , sim é profundo
pois é claro e simplório o que é terno
Muda tanto que não muda nada
É sempre o mesmo sempre a mudar
Talvez o jeito seja esquecer
Para fortuitamente se surpreender
Essa mesmice surpreendente
Essa surpresa que é sempre a mesma
Não deixa por isso de ser supresa
Resta sentir o que está escrito
Resta escrever o que foi sentido
Só se sabe mesmo depois de sabido
É sempre o mesmo sempre a mudar
Talvez o jeito seja esquecer
Para fortuitamente se surpreender
Essa mesmice surpreendente
Essa surpresa que é sempre a mesma
Não deixa por isso de ser supresa
Resta sentir o que está escrito
Resta escrever o que foi sentido
Só se sabe mesmo depois de sabido
Sinapse
Pulsos elétricos se traduzem em dor
E a desgraça se dá assim como um milagre
Não tem explicação para ser
mais é assim mesmo sem explicação
E o sólido se desfaz
escapa por entre os dedos
O tempo passa
até permite um sorriso
Essa reação química que nos faz mostrar os dentes
Alguns chamam isso de felicidade
E a desgraça se dá assim como um milagre
Não tem explicação para ser
mais é assim mesmo sem explicação
E o sólido se desfaz
escapa por entre os dedos
O tempo passa
até permite um sorriso
Essa reação química que nos faz mostrar os dentes
Alguns chamam isso de felicidade
Há um ponto onde a alma toca a carne
Há um ponto onde a carne toca alma
E o espírito extravasa pelas frestas da carne
que o aperta tenaz por entre suas fibras
E a grosseira matéria ganha cor, graça, sentido
Adquire um sentido o qual não possui
dando sentido assim ao que nunca terá
E o coração traduz o que os olhos só podem ver
Há um ponto onde a carne toca a alma
Há um ponto onde a alma toca a carne
Há um ponto onde a carne toca alma
E o espírito extravasa pelas frestas da carne
que o aperta tenaz por entre suas fibras
E a grosseira matéria ganha cor, graça, sentido
Adquire um sentido o qual não possui
dando sentido assim ao que nunca terá
E o coração traduz o que os olhos só podem ver
Há um ponto onde a carne toca a alma
Há um ponto onde a alma toca a carne
O homem cansado
Lá vai o homem, cansado
como se o cansaço o impulsionasse
está cansado de blasfêmias
esta faminto de sabor
não quer mais o lamento
quer o gosto
saborear a serenidade de seu espírito inquieto
e a inquietação daquele corpo sereno ao seu lado
quer viver, aliás não quer mais nada
vive antes de querer
só não quer parar
como se o cansaço o impulsionasse
está cansado de blasfêmias
esta faminto de sabor
não quer mais o lamento
quer o gosto
saborear a serenidade de seu espírito inquieto
e a inquietação daquele corpo sereno ao seu lado
quer viver, aliás não quer mais nada
vive antes de querer
só não quer parar
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